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"Se alguém fez qualquer coisa que imagina que afeta os outros de alegria, será afetado de uma alegria acompanhada da idéia de si mesmo como causa, isto é, contemplar-se-á a si mesmo com alegria. Mas, se ele fez qualquer coisa que imagina que afeta os outros de tristeza, contemplar-se-á, ao contrário, com tristeza". Baruch Spinoza (1632-1677), filosofo.

"No interior das frases, ali mesmo onde a significação parece ter um apoio mudo em sílabas insignificantes, há sempre uma nomeação adormecida, uma forma que guarda fechado entre suas paredes sonoras o reflexo de uma representação invisível e todavia inapagável". Michel Foucault (1926-1984), filosofo.

Estar apaixonado sempre traz para a pessoa fenômenos cômicos em meio também aos trágicos; e ambos porque a pessoa apaixonada, possuída pelo espírito da espécie (instinto), passa a ser dominada por esse espírito e não pertence mais a si própria. Arthur Schopenhauer (1788-1860).

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Grécia – Os pré-socráticos e a busca do princípio de tudo – Parte 1

Diante do espetáculo da natureza, o homem pode manifestar diversos sentimentos: medo, resignação, incompreensão, como também, espanto e perplexidade – sentimentos que acabam por conduzi-lo à Filosofia. O termo grego que pode ser traduzido por “natureza” é physis, mas seu significado vai além: é também realidade, não aquela pronta e acabada, mas que se encontra em movimento e se desenvolve. Nesse sentido, a palavra significa “gênesis”, “ origem”, “manifestação”. Ao perguntar “o que é a physis?”, o filósofo procura saber se há um princípio único (arkhé, que significa “comando”) que governe, dirija e ordene todas as coisas do mundo, em seus diversos e até contraditórios aspectos. A Filosofia é um modo de conhecimento sobre todas as coisas, que nasce do espanto e da admiração em relação ao mundo. Esta atitude de espanto é também uma postura teórica. A atitude teórica, que é uma exigência da Filosofia desde o seu início, é assim um novo modo de olhar o mundo. Não é mais um olhar que se vale dos olhos propriamente ditos, pois estes são muito enganosos e conduzem a impressões subjetivas. A teoria olha o mundo com os olhos da razão, do logos, que pretende ser o único meio capaz de enxergar a verdade de todas as coisas. Considerados como primeiros filósofos, os pré-socráticos Tales, Anaximandro e Anaxímenes formam a chamada “Escola de Mileto”. Apesar das diferentes idéias que elaboram, o que os une é o fato de terem inaugurado a Filosofia com a mesma pergunta: o que é a physis? Motivo pelo qual Aristóteles, mais tarde, iria denominá-los physiologoi, “fisiólogos”, isto é, estudiosos da physis. Tales – (c. 630-545 a.C.) Natural de Mileto, tradicionalmente considerado como o primeiro filósofo. Os relatos disponíveis apresentam-no como estadista, engenheiro, matemático e astrônomo, além de astuto negociante. Provavelmente nada escreveu. Por isso, do seu pensamento só restam interpretações formuladas por outros filósofos. Segundo Tales, tudo se origina da água. Ao se resfriar, torna-se densa e dá origem à terra; ao se aquecer transforma-se em vapor e ar, que retornam como chuva quando novamente resfriados. Desse ciclo de seu movimento (vapor, chuva, rio, mar, terra) nascem as diversas formas de vida, vegetal e animal. A dificuldade própria deste pensamento pode ser expressa na seguinte pergunta: o que são, por exemplo, o calor e o frio de que depende o movimento da água, se esta é a origem única de todas as coisas? A busca da arkhé, um princípio único, conflita com outras forças que, por sua vez, precisam ser enquadradas em um princípio diferente. Essa dificuldade não é exclusiva de Tales: ela é da própria Filosofia, que se desenvolve tentando resolvê-la. Se Tales aparece como iniciador da Filosofia, é porque o seu esforço em buscar o princípio do mundo não só constitui o ideal mesmo da Filosofia, mas também fornece-lhe o impulso para desenvolver-se. Anaximandro (c.610-545 a.C.) Contemporâneo de Tales, Anaximandro procura um caminho diferente. O único texto escrito por ele e que sobreviveu ao tempo é um obscuro fragmento: “De onde nascem as coisas, ali também encontram sua corrupção, segundo a necessidade; pois as coisas se pagam mutuamente pena e retribuição por sua injustiça, de acordo com a disposição do tempo”. Esta frase parece estar associada à concepção de Anaximandro segundo a qual o ápeiron, o “ indeterminado” ou “ilimitado”, é o princípio e a origem do mundo. Eterno, o ápeíron está em constante movimento, e disto resulta uma série de opostos – água e fogo, frio e calor, etc. – que constituem o mundo. O equilíbrio do mundo, porém, é instável e tenso: as coisas que constituem o mundo opõem-se mutuamente, uma tentando vencer a outra. As que caem na injustiça por sua corrupção perecem, sendo reabsorvidas pelo ápeíron. Assim, ao inverno segue o verão, a saúde opõe-se à doença. O ápeíron é assim algo abstrato, que não se fixa diretamente em nenhum elemento palpável da natureza. Com essa concepção, Anaximandro prossegue na mesma via de Tales, porém, dando um passo mais na direção da independência do “princípio” em relação às coisas particulares. Essa concepção é explicada no fragmento, por meio de idéias políticas e morais: corrupção, injustiça, pena. O pensamento de Anaximandro é assim fortemente impregnado de valores políticos de sua época, em que assiste à consolidação da pólis. Na cidade, o poder não pertence a ninguém em particular, mas ao conjunto dos cidadãos. A arkhé, o comando que governa, não é uma pessoa, mas algo indeterminado. A ordem da cidade, que tem origem nesse governo de ninguém, é garantida por uma disputa contínua entre os cidadãos que, com igualdade de direitos, reúnem-se em assembléia onde cada um tenta fazer prevalecer o seu ponto de vista. Forças iguais em luta, cuja origem é o indeterminado: para Anaximandro, o mundo dos homens não é diferente do mundo das coisas – ambos são aspectos de uma única realidade. Anaxímenes (século VI a.C.) O meio termo entre Tales e Anaximandro é representado por Anaxímenes. Segundo ele, a arkhé que comanda o mundo é o ar, um elemento não tão abstrato como o ápeíron nem palpável demais como a água. Tudo provém do ar, através de seus movimentos: o ar é respiração e é vida; o fogo é o ar rarefeito, a água, a terra, a pedra são formas cada vez mais condensadas de ar. As diversas coisas que existem, mesmo apresentando qualidades diferentes entre si, reduzem-se a variações quantitativas (mais ralo, mais denso) desse único elemento.

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